A tecnologia evoluiu bastante nos últimos anos, o que tornou possíveis a sua utilização para situações que anteriormente eram vistas apenas em obras de ficção, como recriação de ambientes virtuais, interação em tempo real e imersão profunda, como a realidade virtual
Uma das principais utilizações da realidade virtual tem sido no aprendizado, como forma de oferecer uma maior riqueza de detalhes e interatividade no processo de aprendizagem, mas que tipo de influência essa tecnologia tem na memorização?
É o que o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, responde no artigo científico “Relação da realidade virtual com o processo de memorização”, publicado pela Revista Multidisciplinar de Ciência Latina.
“A realidade virtual proporciona intervenções físicas, cognitivas e psicológicas benéficas para aquele que a utiliza, oferecendo uma gama de atividades multissensoriais através de diferentes dispositivos tecnológicos […] Aqueles que têm a oportunidade de trabalhar com essas tecnologias em salas de aula, sejam em escolas ou universidades, observam como as aulas se tornam mais animadas e interativas” Afirma no artigo.
Dr. Fabiano de Abreu aponta que a imersão e o maior nível de detalhes visuais e sensoriais da realidade virtual, além da possibilidade de repetir experiências em ambientes controlados contribuem para o processo de memorização.
“Um dos fatores para a efetividade dos usos de dispositivos de realidade virtual na memória é a imersão […] o grau de imersão em uma atividade define a sua influência no desempenho da memória […] A maioria desses ambientes possui algum tipo de visualização que apresentam cores, formas geométricas, luzes, sombras, texturas e outros elementos visuais que ajudam o usuário a captar melhor as informações apresentadas”
“De acordo com muitos estudos, resultados de testes feitos em ambientes virtuais já apresentam dados significativos sobre o impacto da realidade virtual na aprendizagem [..] e reabilitação de indivíduos que sofrem com doenças cognitivas e neurodegenerativas, como o Alzheimer e Parkinson, melhorando a concentração e as habilidades psicomotoras e espaciais” Ressalta no estudo.
No entanto, apesar das perspectivas bastantes favoráveis à tecnologia, o artigo ressalta a importância de estudos mais aprofundados sobre os seus efeitos sobre o cérebro.
“Muitas questões necessitam de maior estudo, principalmente das áreas da psicologia e neurologia, para serem completamente confirmadas ou descartadas. Estudos sobre a aplicabilidade dessa recente tecnologia em estudos sobre a cognição, mais especificamente sobre a memória, em adultos ainda são, infelizmente, escassos o que se torna um grande desafio para neurologistas e neuropsicólogos”.