Segundo o censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 45 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, seja, sensorial, mental, intelectual, física ou múltipla. Esse índice corresponde a aproximadamente 22,5% da população total brasileira, um número muito grande. Em contrapartida, as pessoas com deficiência ainda estão pouco representadas nas esferas políticas, econômicas, educacionais e sociais, fato que enfatiza a necessidade de ações para uma maior participação dessa parcela da população que sofre discriminações e falta de acessibilidade desde tempos remotos.
Durante a Idade Antiga, a deficiência inexistia enquanto problema social, uma vez que, com relação às crianças portadoras de deficiências físicas, a atitude adotada era a de abandono ao relento (Aranha, 1979; Pessotti, 1984). Já no período da Idade Média, com o advento do cristianismo, o indivíduo com deficiência adquire um status humano, possuidor de uma alma, porém, carrega consigo uma ideia de não produtivo, influência da ascensão do capitalismo comercial como sistema econômico vigente. Gradativamente, a sociedade modificou seus costumes e crenças e foi no século XX que a questão da integração da pessoa com deficiência ganhou força, em grande parte durante as guerras mundiais. É nesse contexto, principalmente da década de 60, que se foca na ideia de normalização, ou seja, do “conjunto de ideias que remetem as necessidades sociais e aspirações de indivíduos atípicos” (Braddock, 1977, p. 4), isso em resposta ao crescimento do número de deficientes no pós-guerra.
Mas, perante tais fatos históricos, qual seria a diferença entre a integração, como a citada anteriormente, e a inclusão? Bem, quando se diz integração, referencia-se ao esforço da pessoa com deficiência, família, instituições especializadas e comunidades que abraçam a causa. Seria um esforço unilateral, carregando a ideia da necessidade do deficiente se encaixar na sociedade. Já a inclusão, significa ações multilaterais, logo, tanto a sociedade quanto o indivíduo com deficiência trabalham em busca de uma inserção total de ambos lados.
Segundo Mantoan (1997), para que a inclusão seja efetivada no ambiente escolar, são necessárias mudanças de paradigmas sociais de forma a propiciar um ensino de qualidade para todos. Outro ponto essencial a ser relatado, é a discussão quanto ao uso do termo “portador”, visto que tal conceito dá a ideia de algo temporário, quando na realidade, a deficiência, na maioria dos casos, é permanente. Então, qual seria o termo correto a ser empregado?
Segundo o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 13/12/06, concluiu-se a questão de qual é o melhor uso: “pessoas com deficiência”. Em princípios básicos, chegou-se a essa conclusão a fim de não camuflar a deficiência, todavia valorizar e respeitar as diferenças e defender a igualdade. Após contextualizações e esclarecimentos, foca-se em como podemos destruir ideologias retrógradas e incluir o deficiente em nossa sociedade de maneira eficiente.
De acordo com uma pesquisa realizada com 100 alunos do Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico em Meio Ambiente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Campus Ibatiba, 42 disseram não conviver diariamente com uma pessoa com deficiência, esse dado evidencia a existência de vários empecilhos que dificultam aos indivíduos serem autônomos em ações do dia a dia.
Também de acordo com os dados coletados, 38 alunos responderam que os indivíduos com deficiência participam normalmente de todas as atividades da escola, 19 disseram que isso não acontece e 43 dos alunos concordam que a participação poderia ser maior. Quanto à exposição do tema em palestras e projetos, 26 responderam que é um assunto recorrente na escola, 25 disseram que não e 49, dos 100 alunos, acreditam que podem ser realizadas mais atividades de esclarecimento e estudo ao assunto.
Portanto, percebe-se que as pessoas com deficiência superaram vários obstáculos ao longo da história, mas, ainda sim, sofrem diversos problemas atualmente, como: falta de acessibilidade estrutural, nas comunicações, transportes, preconceitos e discriminações a serem superados, pequena participação em âmbitos diversos e, principalmente, falta de inclusão nos ambientes escolares.
Apesar de cada vez mais benefícios aos indivíduos com deficiência serem implementados nas escolas, transportes, ambientes públicos, entre outros, falta muito para que esse não seja um problema no Brasil atual. Cabe a cada um de nós ajudar nesta caminhada de igualdade e incorporação de novas ideias na sociedade.
POR MARIA LUÍSA R. DE P. HUBNER, COM SUPERVISÃO DE POLIANA