Sentado aqui… na calçada.
Meus pensamentos se vão ao longe.
O sonho que ficou pela estrada,
ruge.
Afinal, o badalar do relógio
nos informa que sem privilégio
o tempo passa rubro, nublado e triste,
pois da alegria me fez exilado….
Queria partir agora,
como me foram outros
deixando ternura.
Os sentimentos que me consomem não sei
não entendo e nem pretendo
pôr para fora.
Ousadia, ficar aqui sentado
nesta calçada? Enquanto me calo
e vejo o tempo passar?
Estou só, sozinho
absorto, pensativo, inerte.
Sonhei, lutei, perdi.
E daí?!…
À noite vou dormir
e sei terá um amanhã
não quero ser mártir
a dor me consome com afã,
seduz.
Dizendo — não está só! E me embriaga
assim, fico aqui absorto… furtivo
às cegas.
E a companheira, a dor, me prende.
Queria eu me afogar nas doces lembranças
de travessuras e de brincadeiras do tempo de criança.
Mas estou aqui sentado, na mão vazio o copo.
Choro de tanta saudade e, a dor não alivia.
Só resta lamentar, se não sou capaz
de dominar essa dor.
Partir, traria paz.
Poderia propor.
Sou às vezes um fingidor, solto em ilusão
finjo manter a dor com um sorriso
pela reputação
sou um poeta, e terei remorso
se o leitor entristecer…
Meu corpo envelheceu muito rápido
que o tempo que ele tem, a dor, transforma-me.
Ah! Meu coração
tenta pacientemente superar essa dor
não me esquecendo das lições, com ela aprendida.
Sufoquei por ela minhas ambições,
é possível renovar,
inovar.
Estes não serão meus últimos versos,
mas poderá ser a última dor.
Naquele ombro amigo, carinhoso.
Naquela ajuda discreta,
sincera
ah! Reserva de amor!
Amizade.
Nesta certeza de amparo, me acalmo.
Certeza de que vem o socorro
confiável do ‘Pai’
na sua presença presente, constante
nesta ternura.
Minha vida! Pode se presumir na dor.
Sobretudo me considero sortudo, abençoado.
Satisfação que dura.
Nos talentos, dons que seduz e me conduz.
Tento superar a dor diária,
aflição,
transformá-la. Degraus que conduzem aos céus.
Redenção… por haver superado até o fim.