Somos livres para ir e vir onde e quando bem entendermos. Somos livres para nos comunicarmos com quem queremos e a hora que precisamos. Somos livres para pensar e agir, trabalhar e comprar, sorrir e chorar. Será?
Começo esse texto hoje com essa frase e, ao mesmo tempo me questiono sobre essa liberdade. Onde ela está? Tenho observado atentamente o mundo ao meu redor e estou assustado ao perceber que na verdade não estamos vivendo a nossa liberdade. Estamos sendo encarcerados de maneira sutil em uma prisão visível, palpável, gigantesca e, ao mesmo tempo, assustadora.
Essa prisão não é um lugar frio, lúgubre, com um ar saturado de sentimentos rancorosos… Na verdade, tem um pouco disso, mas tem nos oferecido muito entretenimento, uma falsa alegria, coisas que acreditamos ser reais quando na verdade não são, tem nos oferecido algo que acreditamos ser duradouro mas que infelizmente não é…
O uso crescente e abusivo da tecnologia tem nos transformados em prisioneiros da mesma, enquanto acreditamos que somos livres. Podemos ir a qualquer lugar do mundo sem precisar sair do lugar, apenas usando um computador ou até mesmo um celular. Com o auxílio dos mesmos compramos, vendemos, pagamos, comunicamos com quem está mais longe enquanto nos distanciamos de quem está perto. Aqui está a cilada…
Quantos jovens passam horas a fio com o celular nas mãos (usarei esse exemplo por ser o mais numeroso) conversando com os “amigos” e, se quer, olha na face de seus Pais pra falar um Bom dia. Já vi adolescentes que riem, brincam, conversam educadamente pelo telefone e, se os pais pedem algo, brigam, ainda mais se for para deixar o telefone por alguns momentos. Nem começaram a viver e estão perdendo a aventura da vida.
Lembro-me de uma infância dos joelhos ralados de tanto cair, da cabeça dos dedos arrebentadas por errar a bola e acertar alguma pedra, das bolinhas de vidro batendo umas nas outras fazendo um estalido bonito, do pião de madeira que não consegui fazer rodar, dos paraquedas com sacolas dos supermercados que hoje não vejo mais. Tudo isso tem sido virtualizado por meio da tecnologia. E dizem ser melhor… Nunca tive aptidão pra esportes, mas discordo que as brincadeiras de bolas na rua são piores que os videogames da atualidade. Rejeito a ideia de que jogar o tal FF no celular seja melhor que as brincadeiras do tipo queimada, pique esconde, três cortes (lembram dessa?), garrafão e tantas outras….
Eu ouço pessoas mais experientes falando do tempo que não tinham carros, máquinas, relógios e todas essas tranqueiras e, mesmo assim, tinham tempo de visitar os parentes e amigos aos fins de semana. Fico perguntando como faziam isso? Hoje quem tem tempo de visitar alguém? Temos carros, telefones e tantas coisas para nos adiantarmos, mas não temos tempo…
Antes da existência do telefone, escrever uma carta era a única forma de se comunicar com quem morava mais longe. Hoje temos o telefone e, ligamos para alguém? A menos que estejamos precisando de alguma coisa, não ligamos e nem procuramos uns aos outros… Porque? Estamos sendo aprisionados numa masmorra e não nos damos conta.
Quando foi a última vez que visitou alguém? Quando foi a última vez que se desligou da tecnologia e, voltou a ser um simples ser humano? Quando foi que você foi realmente livre? Qual a sua melhor lembrança da sua vida? Como está a sua percepção do tempo? Tem visto o dia passar ou anda tão ocupado que quando se dá por conta, já é hora de dormir ou ir trabalhar? Como está seu emocional? E a relação trabalho X saúde?